As aranhas são artrópodes do Subfilo Cheliceriformes e pertencem à Classe Arachnida, que abrange também os escorpiões, opiliões, ácaros, e pseudoscorpiões dentre outros. As principais características são os quatro pares de pernas, o corpo dividido em duas regiões, o prossoma (ou cefalotórax) e o opistossoma (ou abdome), e a presença no prossoma de quelíceras e pedipalpos. As quelíceras são estruturas em forma de pinça que participam da captura de presas, os pedipalpos têm primariamente a função sensorial.

A Classe Arachnida têm cerca de 60.000 espécies conhecidas, mas estima-se que este número seja da ordem de um milhão. Todas as aranhas pertencem à Ordem Araneae, que atualmente compreende 109 famílias, 3.694 gêneros e 40.462 espécies conhecidas.

As aranhas possuem algumas características exclusivas, a saber, fiandeiras associadas à glândulas de seda (teia), pedipalpos modificados em bulbo copulador nos machos e glândulas de veneno associadas às quelíceras.

A maioria das aranhas possui porte pequeno, entre 2 e 10 mm, mas algumas espécies de caranguejeiras podem atingir até 30 cm. As aranhas são predadores, portanto têm estratégias para capturar suas presas. Sendo importantes e fascinantes seres do ambiente natural, ocupam praticamente todos os habitats disponíveis, e também ocorrem no ambiente sinantrópico (junto ao homem).

Mais de 95% das aranhas pertencem à dois grupos principais, as da Infraordem Mygalomorphae, as caranguejeiras, e as da Infraordem Araneomorphae, que congregam a maioria das espécies, inclusive aquelas que podem causar acidentes no homem. Os três principais grupos de aranhas sinantrópicas que podem causar acidentes no homem são, as “aranhas-marrom” do gênero Loxosceles, as “aranhas armadeiras” do gênero Phoneutria e as “viúvas negras” do gênero Latrodectus. Muitas outras aranhas que vivem em nossas residências ou peridomicílio não têm importância médica, tal como, as “aranhas de jardim” da família Lycosidae, as Pholcidae, algumas espécies de Theridiidae e de “papa-moscas” como as da família Salticidae dentre outras.

As espécies de aranhas que acabam se aproximando do ambiente urbano o fazem geralmente quando seus habitats naturais são destruídos pelo próprio homem, o que acontece, por exemplo, quando são desmatadas áreas para construções, de forma que o homem é quem se aproxima da casa desses animais, favorecendo o contato que pode resultar nos acidentes.

Reprodução das Aranhas

As aranhas possuem dimorfismo sexual, isto é, o macho possui características morfológicas diferentes em relação à fêmea, neles, o ápice do pedipalpo é modificado em órgão copulador, de forma que a fecundação é interna, porém, indireta.

Algum tempo após a cópula, a fêmea põe até 3.000 ovos. Para isso, ela tece um disco de seda, onde são depositados os ovos. Em seguida, ela tece outro acima dos ovos, fechando-os dentro de um aglomerado de seda, em forma esférica, denominada ooteca ou ovissaco. A ooteca é um microhabitat favorável para a proteção dos ovos. Como cuidados parentais adicionais os ovissacos são presos à teia, escondidos no abrigo da aranha mãe, ou ainda carregados nas quelíceras ou nas fiandeiras da fêmea.

Ciclo de Vida das Aranhas

O desenvolvimento é direto, o número de mudas exigido para atingir a maturidade sexual varia de acordo com a espécie. A temperatura é um dos principais fatores controladores primários na determinação do padrão de ciclo de vida. Isso significa que espécies de regiões temperadas podem passar o inverno inteiro na forma imatura e, quando o verão começa, elas atingem a maturidade sexual.

Principais Grupos de Aranhas

Infraordem Araneomorphae
– Gênero Loxosceles (Família Sicariidae) – Aranhas-Marrons
– Gênero Phoneutria (Família Ctenidae) – Aranhas Armadeiras
– Gênero Latrodectus (Família Theridiidae) – Viúvas-Negras

Infraordem Mygalomorphae (caranguejeiras)

Infraordem Araneomorphae
» Gênero Loxosceles (Família Sicariidae)
As “aranhas-marrons”, cujas picadas podem causar lesões necróticas e/ou complicações sistêmicas, têm importância médica pela grande ocorrência intradomiciliar, que predispõem acidentes principalmente em regiões com grandes concentrações demográficas. O gênero Loxosceles que predomina na América do Norte e América do Sul, tem no Brasil, o maior registro de acidentes nas regiões Sul e Sudeste.

Essas aranhas têm hábitos noturnos, preferem ambientes escuros e quentes, e comumente refugiam-se em troncos e cascas de árvores, folhas acumuladas no solo, ou buracos e frestas de barrancos. No domicílio, estão atrás de móveis, nos sótãos, em garagens, porões e entulhos, resistindo à grandes variações de temperatura e à ausência de água. São sedentárias em teias irregulares tipo lençol que revestem seus substratos, mas na escassez de alimentos, saem à noite a procura de pequenos artrópodes.

Aranhas-marrons não são agressivas, apresentam tendência a se agruparem e os acidentes ocorrem quando no interior de vestimentas e da roupa de cama e de banho são pressionadas contra o corpo das pessoas.
A necrose da pele no local da picada ocorre devido à morte das células e danos vasculares, e tem caracteristicamente disseminação em sentido gravitacional, dando um aspecto de esta ter “escorrido”. As complicações sistêmicas quando aparecem, referem-se a sérios problemas intravasculares, nefrológicos e danos multi-orgãos que eventualmente conduzem à morte.

A picada é comumente não dolorosa e os sintomas podem ser confundidos com outros agentes e doenças. A lesão típica vermelhidão, inchaço de aspecto marmorizado e pequena necrose central. Esta se estende e após duas semanas apresenta uma crosta seca e escura, que se desprende deixando uma lesão ulcerosa.
O quadro sistêmico ocorre em poucos casos, principalmente em crianças, sendo a forma mais grave e determinando anemia, icterícia e presença de hemoglobina na urina, que é o pigmento da coloração sanguínea, deixando a urina com cor de “coca-cola”.

O tratamento específico consiste no uso de soro anti-loxoscélico ou anti-aracnídico, sendo indicado até a 72ª hora de evolução para o quadro cutâneo e a qualquer momento para o quadro cutâneovisceral. O tratamento inespecífico consiste no uso de corticosteróides, além da soroterapia. São indicadas a super-hidratação oral e a indução da diurese, além de curativos anti-sépticos nas lesões, após remoção da crosta necrótica. O dano tecidual normalmente é significativo, sendo necessária cirurgia plástica reparadora. No caso de insuficiência renal, é necessária a diálise para correção do equilíbrio de eletrólitos.

» Gênero Phoneutria (Família Ctenidae)
Essas aranhas ocorrem na América do Sul e Central, são muito bem representadas no Brasil que detém o maior número de registros de acidentes, principalmente nas regiões Sul e Sudeste.

Popularmente conhecidas como “aranhas armadeiras”, são responsáveis pelo maior número de acidentes aracnídicos notificados ao Ministério da Saúde. Essas aranhas são ágeis e irritáveis e, quando ameaçadas, se dispõem na posição de prontidão ou ataque, em que o corpo é elevado quase verticalmente e mantém-se apoiado sob os dois pares de pernas traseiras e parte posterior do abdome, movem as pernas anteriores para os lados e pulam em direção da presa ou do agressor com os ferrões abertos. Podem atingir de 3 a 4 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de pernas.

As armadeiras possuem hábitos noturnos e, durante o dia, permanecem escondidas em buracos de troncos de árvores, sob pedras, troncos e folhagem. No ambiente doméstico buscam refúgio e alimento, como baratas, por exemplo, e durante o dia, escondem-se no interior de sapatos e de armários, ou atrás de móveis, cortinas e portas.
O período de maior mobilidade dessas aranhas corresponde ao do acasalamento, durante os meses de abril e maio, podendo determinar um maior numero de encontros com o homem e, portanto, um índice de acidentes mais expressivo. Os acidentes ocorrem nos atos de calçar os sapatos, nas limpezas domésticas e no manuseio de legumes ou frutas, e desta forma as extremidades como mãos e pés são as mais atingidas.

A maioria dos acidentes tem evolução benigna, raramente ocorrendo óbitos, pois na maioria dos casos o paciente trás consigo o agente causador, que é de fácil captura, facilitando sua identificação. O veneno tem efeito neurotóxico, sendo a dor no local da picada imediata, estendendo-se por todo o membro atingido.

As manifestações locais são proeminentes na maioria dos casos, enquanto o quadro sistêmico é descrito predominantemente em crianças. A marca da picada é visível, e o sintoma mais freqüente é a dor local. Outros sintomas que podem ocorrer são vermelhidão e inchaço locais, sudorese, salivação, lacrimejamento, náuseas e cefaléia. Em casos graves, podem ocorrer convulsões, diminuição da freqüência e da força de batimento cardíaco, tremores musculares, diminuição da pressão arterial e Priapismo. Os casos muito graves são raros, envolvem geralmente crianças, e podem levar a choque neurogênico e morte.

O tratamento está voltado para os sintomas, com uso de anestésicos para evitar a dor e, em recidivas, o uso de analgésicos potentes. O calor também pode ser utilizado para diminuição do desconforto local. A soroterapia é indicada para pacientes que sofreram alterações sistêmicas, sendo necessária internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para monitoramento das alterações respiratórias e hemodinâmicas.

» Gênero Latrodectus (Família Theridiidae)
São popularmente conhecidas como “viúvas-negras”, têm ampla distribuição geográfica no mundo, e são conhecidas pelo canibalismo sexual dos machos, que em várias espécies investigadas corresponde a um sucesso reprodutivo traduzido pelo maior número e viabilidade da prole. Essas aranhas têm caracteristicamente uma ampulheta vermelha no ventre do abdome, sua teia é irregular e tridimensional e não são agressivas. Além do habitat silvestre, podem colonizar áreas agrícolas, quando entram em contato com os seres humanos e podem causar acidentes durante a época de colheita. Os maiores índices de acidentes ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais de todo o globo, e no Brasil, prevalecem registros no Nordeste.

O veneno tem ação neurotóxica central e periférica, e podem determinar acidentes leves, moderados ou graves. No acidente leve ocorre dor e sudorese locais, edema discreto, parestesia, tremores e contraturas. Nos acidentes moderados, além dos sintomas descritos, ocorre dor abdominal, sudorese generalizada, ansiedade ou agitação, mialgia, cefaléia, tonturas e hipertermia. Nos acidentes graves, além dos sintomas descritos, a taquicardia ou bradicardia, a dispnéia, náuseas e vômitos, priapismo, retenção urinária, e fascies ladrotectismica. A mortalidade é rara.

O tratamento específico baseia-se na soroterapia anti-Latrodectus, mas devem ser utilizados analgésicos potentes para alívio das dores musculares e abdominais, além de benzodiazepínicos, gluconato de cálcio e clorpromazina.

Infraordem Mygalomorphae (caranguejeiras)

Possuem os nomes populares de caranguejeiras e vivem preferencialmente em locais quentes, nas zonas tropicais e subtropicais. As maiores aranhas conhecidas pertencem a esse grupo, sendo a maior delas da espécie Theraphosa blondi, de 30 cm encontradas na Floresta Amazônica. Não há registro de acidentes humanos graves ocorridos no Brasil.

Embora muito temidas pela aparência assustadora não provocam acidentes graves ou comuns. Quando manipuladas ou irritadas liberam cerdas urticantes que podem causar reações alérgicas com inchaço, vermelhidão e coceira local, que costumam regredir em poucas horas.

O tratamento geralmente não é necessário, mas a dor pode ser controlada pelo uso de analgésicos orais, e os casos mais graves exigem o uso de anti-histamínicos, corticosteróides e adrenalina.

Acidentes Causados pelas Aranhas

Com exceção das espécies pertencentes às famílias Uloboridae e Heptathelidae, todas as aranhas são consideradas animais peçonhentos por possuírem glândulas secretoras especializadas na produção de uma substância tóxica e possuírem aparelho inoculador desta, constituído pelos ferrões das quelíceras. O maior número de acidentes causados por esses artrópodes ocorre nos meses frios, provavelmente devido à sua procura pelo abrigo oferecido no interior doméstico.

As aranhas venenosas não produzem teias geométricas, mas sim na forma de flocos de algodão. O veneno produzido é uma mistura de substâncias protéicas com atividades enzimáticas e tem a função de facilitar a alimentação, imobilizando ou matando a presa, ou agir como meio de defesa, atuando de forma neurotóxica, necrosante e/ou hemolítica.

Dentre os fatores responsáveis pela ausência de perigo da maioria de espécies de aranha, podem estar: a toxicidade e a quantidade do veneno produzido serem superficiais para humanos, as dificuldades das quelíceras em penetrar a pele, e até mesmo o hábitat destas ser pouco freqüentado pelo homem.

As espécies que podem causar envenenamento grave ao homem, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pertencem às infra-ordens Araneomorphae, cujos gêneros são: LatrodectusLoxosceles, e Phoneutria, e Mygalomorphae, do gênero Atrax.

Após o acidente aracnídico, o diagnóstico clínico se baseia no relato da forma da picada e nos sintomas e sinais determinados pelos diferentes tipos de veneno, o que pode facilitar a identificação do agente agressor, uma vez que o tratamento varia conforme o gênero de aranha.

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